NUMA SEXTA CEM POR CENTO SÓ-BRIA
Vulgo, minha desconstrução (e
a tristeza do centésimo dia do meu desmoronamento)
Meu pranto é mudo e silencioso, o
que eu tenho de genioso eu não sei, eu acho que eu matei.
Não pude ver a felicidade que eu
tinha me deixando, partindo para longe de mim... Eu não vi. Eu estive dormindo
tanto há muito mais que muito tempo e não percebi, vacilei.
Assim, eu continuo no
descobrimento de quem sou e pra onde vou, e só estou, maturando minha mudança
com o tempo, me permitindo levar a vida como o vento num ritmo rumado para o
inesperado, despenteando cabelos, quebrando esquinas e caminhos paralelos, vou promovendo
redemoinhos de energia invisível que assopra a saia de tecido leve das moças
bonitas, usufruindo das moças e dos momentos que se mostram a meu favor.
Eu não quero ir pro inferno. Se for
pra eu ir, vou antes pedir que minha escrita seja lida, porque vou alegar que
errei sim, mas que eu estava de olho aberto no arredor o tempo todo. Talvez eu
consiga escapar do grandioso capeta no fim, por ter convivido em vida com
tantos demônios.
Eu não desejo morrer afogada nas
lágrimas dessa minha inestimável tristeza hospedeira, eu não desejo tal
sensação a ninguém. A tristeza exige que eu reflita sobre o tanto imensurável
da vida consumi. Eu me conformo com meu ontem sem desespero. O tempo passa e a
vida da gente muda, mudam os nossos quereres e os nossos valores.
Mas, em que lugar eu fui deixar o
meu valor?
Quais são os peitos que chupei
que ainda salivam o meu sabor?
E quantos dos corpos que esfreguei
ainda lembram o meu calor?
Não sei... Assim como não sei
dizer em que momento essa tristeza me invadiu desse jeito, porrando em meu
peito os afetos cansados, os laços desfeitos, os elos quebrados. O coração quer
ficar sozinho pensando que ele está onde deveria estar.
E começo a medir as evidências de
que deixo sim os outros afetarem meu afeto.
As piores emoções que me
proporcionaram, incontrolavelmente são as mais armazenadas, aparentemente, para
ter sempre o que evidenciar, assim gerando os meus motivos (ataques) de
reviravolta (a fênix que só alguns conhecem).
E o que é que sobrou deste estalo
que passou, em vinte e seis anos?
Eu.
Eu fui a única que sobrou pra se
lembrar de mim.
No fim, a gente sabe, é sempre
assim. Fingimos não ter família e amigos.
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