Isabelpopéia I



É uma sensação ótima chegar em casa do trabalho 20e20, pré-feriado de não sei o quê em 7 de junho, pensei até em pesquisar no google, mas foda-se. O importante é que é feriado, e que hoje, só segunda! Saio do trampo normalmente suave e hoje mais ainda, 18h de boassa, feliz da vida porque o trampo está em dia, porque só tem uma coisa que dignifica mais um human beign que uma louça bem lavada, manter seu trampo em dia, e consequentemente ter moral na firma. How beautiful could a beign be? Adoro essa pergunta do Caetano. Peguei o metrô no Carrão de boas, vim sentada até a Sé, e na Sé troquei de linha e também estava às pampas, vim sentada de novo. Algo me diz que tem muito forgado que não trampa no dia que antecede o feriado, ou talvez muita tiazona que trabalha em casa de família nem vai, porque provavelmente a família bacana desce pra praia no feriadão e a tia é poupada e logo, a tia me poupa o embaço, a coisa toda apertada, porque quanto menos tia gordona pegando metrô é melhor para todos. Não sei, pareci agora preconceitusa com o peso das pessoas, mas ora, não esqueça que sou da turma do sobrepeso. Uma vez na acadimia, reclamando eu que estava gorda, a mocinha risóriamente me alertou: "Gorda nada! Você não é gorda! Você está em sobrepeso. Gorda é aquilo ali." Como se aquilo ali não fosse gente, como se o sobrepeso fosse uma faixa de conforto onde os quase gordos podem se escorar de boa, com 30 minutinhos de esteira aqui, 30 minutinhos de bicicleta ali e mais 30 minutinhos de abdominais básicas que depois de uma hora se exercitanto realmente nem dóem, num espírito que procura ser camela de academia e agora, camela de São Paulo, notei que o metrô estava suave e vim lendo o Pornopopéia, que aliás, é um dos livros mais incríveis que me propus a ler - é, porque eu engano mas nem sou de ler muito - hilário esse livro! E, inspirador, veja você meu desprendimento com as palavras filhas da puta que há muito me travavam. Na verdade, eu sempre fui um tanto engasgada de palavras, o que é um tremendo paradoxo visto que até aqui são pelo menos mil caracteres neste texto e muito mais de dez mil em toda a minha obra fudida, ou seja, ainda engasgada sou um porre nessa porra que eu tenho com a escrita, e parece que vim à isso, para desengasgar nós toscos. Sou chata e cipãns páro você no rolê para ler qualquer viagem que tenho escrita em qualquer papel, qualquer hora você me pede se eu nunca fiz isso com você.

Topei com uma Brahma suave na saída do metrô Ana Rosa, lá no Mate, que além de breja na praça é um dos pouquíssimos lugares que ainda me sinto à vonts para fumar em São Paulo, de boa, mesinha na praça, livrinho na mão, sem um um viado (no sentido de filhadaputa e não usufruindo do termo gay para expressar raiva) me mandando apagar o cigarro. E ali no mate, colam diversas cocótes, que tenho pra mim que são todas do Etapa da Vila Mariana, muitas com seus devidos namorados aparentemente broxas e sem experiência, que tenho vontade de cuspir em todos para, evidentemente, mafagafar todas. O que elas vão caçar na pracinha do Mate do Ana Rosa eu não sei. Quatro e vinte não é, porque essas cocótes nem saíram dos algodões do THC, que dirá das fraldas! Tais cocótes ainda estão na coca... e  é naquela que cola também, mas de um jeitinho mais fresh e doce, porque é sabido que de doce o pó nada tem, para isso, óh, já criaram o Doce (o ácido) propriamente dito. Uns descolados esse povo das químicas!  E falando em descolado, lembro que já fui descolada e já colei em mim muita coisa nesse tempo, coca sim, cola na escola sim também, enquanto as cocótes do Mate ainda estão naquela do cola, mas d'escola, no sorvete,no shampoo, na bala e no chocolate, a etiqueta que cola até no tubo de cola, tá no 'vrido' do carro e na parede da escola...(!)

Então, assim como moi barra eu, direto dos anos 90, Makcolor não tem mais feelings pra cocóte. Makcolor assim como eu envelhecemos. Elas me vêem velha e sem graça, com uma cerveja e um livro na praça. Minhas roupas são tão antigas quanto eu, e você comprova isso ao me ver com aquela camisa verde exército tradicional do meu closet, que mais tem cara é de gaveta mofada.

E velha que estou, já sinto as dores do mal posicionamento na função poética-digitadora em frente ao computador, que neste momento nem pensa em computar dor, mas dói aqui no ombro direito. "Algo como se algo" puxasse o próprio ombro para dentro, e o osso, que creio eu que seja do braço, parece estar tentando subir um half, naquele estilo dá um embalo na outra ponta do half, meio que já subindinho, e sai correndo para quando começar o paredão pegar embalo e lançar as mãos ao além, fazendo força para tentar subir a perna gorda enquanto os mesmos braços imaginam que vão segurar a onda. Ilusão. Nesse half do meu ombro, ele treme no meu half estrutural, e imagino a velhice me dizendo que bem que me avisou da mochila pesada, a cerveja gelada, o pó insano da balada, a vida loucomia que eu vivia. Tudo é reflexo da vida de querer tudo e só ter nada que eu tinha, é foda isso mas no fim (sem constatações devidamente definitivas e tenho dito!) a verdade que sobra é aquela que diz que não é fácil ser trabalhador e não é fácil ser Deus com pessoas como eu contando piamente com o tal do pedacinho, onde aliás, já deve estar morando o vô Luiz e a Tia Elza que, provavalmente, são vizinhos do Joaldo e de seu bigodinho salafrário lá no céu. Conto mais com a proteção dos mortos do que dos vivos do meu tempo.

É engraçado como algumas lembranças são eternas, tipo quando a vó Lia quando foi atropelada por uma bicicleta na Avenida Sapopemba. Eu tinha uns 6 anos e voltávamos do "Sossego da Mamãe", lembro como se sempre fosse hoje, sabe aquelas lembranças que você sentiu criança? É uma recordação inesquecível. E prepare-se para gargalhar que aí vem o meu primeiro grande bafo com a vó Lia...  - O segundo foi disputar carinho no dente, e aquela pele hoje, cheia de pintinhas do mesmo naipe das que mencionam os dermatologistas e pseudo-repórteres fantásticos, como câncer de pele, me fazem suspirar, pelo cheiro que ainda não se foi,  (ainda e =* ) mas que já sinto a falta porque sei que um dia, e tomara que demore muito ainda, há de vir.

O PRIMEIRO BAFO QUE EU LEMBRO DA VÓ LIA

Foi em frente ao banco que minha mãe antigamente trabalhava, uma agência do Itaú cheia de "especialistas"! O muleque, marrom, careca, magricelo e de Havaianas que ainda não eram Top para Paris- só pra constar - pilotava uma mini-bike dessas que obrigada o piloto a dobrar os joelhos mais do que o recomendado pelos fisioterapeutas. Dessas bikes que não se parecem com uma Barra Circular típicas de Taiobeiras e que os maloca adora.

 Pois, na calçada lá estava o pelego querendo ultrapassar as pessoas e competindo espaço com quem saía do banco Itaú, e bem ali eis a Vó Lia andando devagarinho-vózinha que só ela, de carteirinha de couro na mão, tecendo alguma conversa comigo do tipo dessas conversas que tecemos com nossa avó enquanto caminhamos aos seis anos na volta pra casa da escola. Devia estar saltitante eu, porque sempre me lembro a saltitar. E lembro que saltitava demais quando saquei a situação mas, no salto, não criei a oportunidade de comentar. A véia Lió com o cabelo impecável graças aos bobs e lencinhos que impecavelmente impunha à sua aparência em frente ao espelho do tanque da lavanderia cinza, em meio aos cacos coloridos da parede da laje que pixei "Cris" em roxo claro quando criança, laje esta construída pelo esforço do meu avô acredito eu, uma vez que ninguém se propôs a me contar a história dos meus avós, e nem história nenhuma, exceto aquela que diz que quase nasci numa estrada, dentro de um caminhão, de  carona com meu tio Caminhoneiro que devia ser um caminhoneiro doidão de rebit de primeira e ô doideras que respingam até hoje, aos 2.7.... Enfim, a Vó Lia levou uma guidonzada no bumbum e estrupicou de cara no chão. Trincou o óculos, quebrou o salto e tudo. E eu, que vi o moleque colando o guidôn na buza da minha avó antes dela cair, de fato jurando até hoje que premeditei o acontecido, oque me caracteriza figura bizarra, só me ative a acudir ela e levantá-la, quando tão breve ela se ergueu, começou a espilhafar o danado do moleque matador de velhinha com seu "Filhodumamãe, quer matar as véia na rua disgraçado!"...

E é aí, no âmago da grafia, que acredito que ser vagabundo é ser  forgado e que ser trabalhador deve ter alguma coisa a ver com viver de trabalhar dor. E talvez, por isso é que existem os freelas na forga, que trabalham em casa de pijamas. (Meu sonho eterno e paulista.)

Em casa, falando nisso, tenho trocado ideias, sem acento, com várias minas na web, umas gostosas, muitas que mentem a idade e aparentam ser gostosas mas nem são,umas doidas que querem ver meu peito de cara na web cam, e nem pro meu peito se embreARgar antes, porque certas coisas "de cara" é foda... Vejo muito que quase tudo é fake e penso que até eu deveria ser fake porque talvez, produzindo a minha imagem, designer que sou, poderia até atrair um mulherio mais apreciativo, mas nem isso, fake atrai feias. E nisso, querem trocar msn para ver direito, pois aí sugerem web cam e para os leoninos como eu que ficam mais olhando para si mesmos do que para as pessoas da janelinha de cima, webcam é um puta pé no saco. Enquanto isso, o leonino basta para si que se acha e sente demais sem nem ter ideia do quanto é um chato. Leoninos são um saco! Mas as bonitas da web não me distraem a ponto de desistir de um texto sóbrio e soberano como este, mesmo concordando que sinto falta de uns amassos espertos, não posso negar. E não posso negar que por aí tem várias querente, mas eu mesmo que mesmo quente de espírito, fria de pele estou e acho que é o frio da Vila, a chuva na minha janela, o chão branco e sujo dos meus aposentos reais dignos de uma grande história nômade de alguém que cagou na balada, vazou e voltou. Mas longe de mim querer pretender consertar qualquer coisa. Haja novos ares para antigos ontens, desejo seguir parafraseando Leminsk.

How beautiful could a being be?... Beautiful de desenhar Artur na parede e inserir no topo do A uma cereja esquizonhada, com um caramelo remelento que de caramelo só tem a leve verossimilhança de um bege com laranja sobreposto. Um ser que de tanto desgosto de si, relembra os passados passos passo-a-passo, e se ajusta à necessidade de não estar em evidência, não gastar com demência e não amar por conveniência. De demente já brinquei o bastante. Estou mais beautiful do que nunca, tenho pra mim. E acho que isso se vale ao reencontro com a capital cinza do meu coração, que trabalho em pormenores considerando que precisei de quase dez anos para entender que só sinto que um dia pertenci ao interior das Minas, porque as Minas me conquistam. Com todos os trocadilhos cabíveis. E estou com uma saudade gostosa das gostosas das minas de Minas.

Parei um pouco aqui pra dar um mijo e de tão rápido que seria nem fechei a porta, no sublime desse mijo bem dado acabei cagando de porta aberta.

É muito cômodo pra mim, mesmo em pouco cômodo, digo em um cômodo minúsculo. É muito confortável o mínimo do meu conforto. O ritual começa às 7h da manhã quando toca sempre o despertador, me despertando para o banho, e eu engano ele e engano eu porque o atraso e durmo sempre mais um pouquinho até as 7h30 quando ele toca novamente e aí é cruel e não tem jeito. Me vejo como alguém que sempre levanta pulando da cama, naquele espírito "Vamos trabalhar gente!" de ser. Num pulo, alcanço a escova e a pasta que mantenho no armário, em alguns passos estou na pia escovando meus dentes a me preparar para o banho. Curiosamente, acho esquisito tomar banho com a boca fedendo, prefiro escovar antes. Aliás, não tolero boca fedendo. Lembro que várias das minhas ex's acordavam de manhã na pilha pra me tascar umas bitocas de manhã, sabido que a boca fede. Não consigo, desculpe.

Boca fedendo comigo não.
E viva o próximo capítulo!







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