Olha eu, querendo ser dois

Eu me esqueci de rezar, mas de fumar eu não me esqueço.



Eu estava caminhando, tirei o dia de domingo para ver as lindíssimas árvores do Parque do Ibirapuera.

Ontem bati a cabeça em alguma coisa que não lembro, mas lembro que eu chorei encostada na cabine externa de alguma das estações da Linha Verde do metrô de São Paulo, que percorre a Avenida Paulista.

Altos vinhos. Alguma coisa forte me acometeu, e tinha a ver com minha paixão carregada no peito. E meu medo de envolvimento, e meu stress do desusável descartável. E meu exaspero com relacionamentos. Que não me lembro direito... Teve alguma coisa de bater a testa na porta do teu ego e do teu desespero por alguma coisa. Eu senti também, e por isso isto.

Houveram alguns insultos porque o mundo não estava obrigado, e muito menos afim, de compreender e ser gentil com o que eu estivesse sentindo. Beijei bastante, se foi gostoso eu não sei.

Duas garrafas e meia de vinho sozinha depois e sinto que estou em casa. Requirido conforto querido, que quero e espero pelo apego trocado. 

No parque não se fuma e a galera vem pro parque pra correr.

Mais um desastroso encontro depois, e eu irredutível, não quero depois. Não quero nada carinhoso. Um encontro desastroso porque eu fico um desastre duas garrafas e meia depois.

Não sei o que ocorreu,  e correu o tempo e parece que piorou. Mas ainda não tinha levado o fora, eram somente alguns remédios que ela tinha tomado, e por isso precisava dormir, pelo menos, até as 19h. E pela foto eu pensei que ela era mais velha e mais gorda, mas fui encontrá-la super afim do mesmo jeito que se fosse esguia e tatuada. Eu gostei do egípcio do ser.

Duas garrafas e meia depois, eu só confirmei o meu gostar, que havia sido sendtido de imediato. A quis.

Mas, a questão da territorialização fica muito evidente no parque... E mesmo não sendo muito bonito e bem visto acho que vou acender um cigarro (...) só um cigarrinho. (...) Veja você, antes fumar, preferi me alongar ao pé de uma árvore gostosa.

(...)

Definitivamente parques não vêem com bons olhos o lance do cigarro. 

O tronco da árvore faz uma sombrinha delícia. O sol está pelas costas e já passa das onze e meia. Trouxe a outra metade do vinho. A garrafa está dentro da bolsinha vermelha do Psicodália 2012. E escolhi este lugar para escrever porque o gramado aqui está repleto de florinhas rosas. E curiosamente, rosa é a cor preferida do Egito que habitou em meu peito. O passado pode ser mais breve que o presente.

"Sem desassossegos breves"

Mesmo ela não saindo da cabeça, mesmo lembrando um pouco a minha ex. Mesmo tudo, tudo é pena.

Parque é um lugar de movimento. Eu movimento sentimento. E parece que só eu por aqui vim de chinelo, para salvar este lugar no meu HD aos 2 de junho, e vou voltar aqui aos sábados de saudade. E vou lembrar do dia em que aprendi a não criar expectativas nos outros, e sim em mim.

É difícil compreender, mas enquanto estou sentada orando e meditando em minha canga colorida, tem uma galera que fala sozinho no parque.

Qualquer passado meu me envolve, e me envolve forte.

Lembro de uma vez que escrevi que era preciso estar completamente sozinha pra entender,  e consequentemente e não obstante, me prostro à uma solidão maior ainda.

Tenho dias felizes, mais calmos, e dias mais tensos.

Pensei que do meu nome para o dela sobram duas letras e faltam outras duas que não são as mesmas.

Há algum tempo atrás eu desejaria sumir.
Hoje pago de louca em metrôs tentando esconder e beber uma garrafa de vinho ao mesmo tempo!
Não me lembro do que falei, mas foi breve.

O fato de eu não pegar o vinho da bolsa e não acender o cigarro quer dizer que crio mais expectativas nos outros do parque, né? Segundo vossa teoria, milady.

Provavelmente o que eu falei teve a ver com paixão. Ou tristeza. Ou os dois.

Mas eu não preciso criar raízes só porque aí ( ou aqui ) é lindo. 
Tudo que é lindo fica para trás e que se fodam os que pensam, eu preciso ser conquistada.


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