Eles falam comigo e falam por mim

e eu não tenho com quem falar

Tentam falar comigo, parece que não escuto


Quando não escuto, falam por mim, falam em meu nome, agem com as minhas palavras.


Eles falam comigo e eu não entendo


Dão-me todos os sinais, se manifestam no meu pensamento e eu não sei quem são


Os imagino, meus mortos, meus amores, estrelas…


Família que vai embora pra proteger quem fica, com a generosidade de sua visão, me protegem.


Há de ser proteção, eles me olham, comigo nada acontece.


Eles me olhavam acontecendo, aquele caos que eu era, nada mais me pertence.


E ninguém chora aqui, não lamenta. Aqui é recompensa, bouquet, aceita a carta mais bonita do baralho, é para você. 


Um toque de Deus numa carta e você entende que não precisa fantasiar e inventar uma cena. 


A minha cena é a minha história, e a minha história não me faz mais chorar. A minha caminhada é massa. 


De certo, é fácil perder o fio da meada no meio da fantasia da própria vida.


Eu me lembro estar de frente minha máquina de escrever na infância, uma máquina emprestada que era tudo pra mim. Hoje minha máquina me causa a mesma satisfação daquela máquina antiga quando eu estou escrevendo (digitando), e parece que não me aproveito!


Poderia estar publicando, publicado… Como sempre. Porque as palavras ficam registradas, marcam um momento, levam a algum lugar. Quer dizer, eu poderia fazer um pacto comigo de escrever e jamais reler.


Me livraria do fardo de reviver um pensamento.


Me resolveria a necessidade que tenho de sempre formular e formular.... sempre pensando! 


Uma máquina de escrever!


Formular e tirar de mim, assim, como vem, sem grandes métricas, sem palavras super poéticas ou super patéticas.


Quer dizer, dizer sem querer dizer com ALGUÉM qualquer coisa! 


Ser máquina de escrever a esmo, sem compromisso contigo.


Escrever a qualquer tempo


Ser a minha onda encantada magnética de dez portais em paz. 


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