Noite Ressonante
São 5:16 , quarta-feira 10 de fevereiro
Noite ressonante azul ; in-crí-vel (eu ainda acho incrível algumas coisas simples da vida)
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| tzolkin.io |
Perdi o sono pouco antes das três. Então tenho dormido muito cedo e acordado ainda de noite. Eu gosto de estar sozinha, escrevendo à noite, no escuro. Noite ressonante! Quando me dou conta das coincidências do universo me sinto ainda mais conectada com o meu tempo.
Então, digo, nos últimos tempos eu tenho envelhecido. Minha mente, meu corpo, meu discurso, minha pré-disposição para o afeto ; tudo envelhecido. E eu que não sabia o que era viver, não sabia também o que era morrer.
Me pego lembrando de um comentário que li aqui, que eu sou o Glauco Matoso de saia, que sou meia, filha, aura, cria de Bukowski... esse tipo de comparação me soa até bonito, embora pouco eloquente do ponto de vista de quem me conhece - eu mesma - que sei que, ora ora, eu detesto saias! Sempre escolhi saídas.
Me meti num sentimento difícil de não confiar mais em ninguém; de não acreditar mais nas intenções de ninguém ; de entender que a vida virou vitrine ; venda. Eu estou cansada. Vivi vendendo talento e tempo. Me dedicando a gente que eu sentia afeto. Se você chegar nesse ponto aqui, bicho, cê vai entender.
Eu deveria estar vendendo saúde. Não estou. Deveria estar vendendo alegria. Não estou. Deveria estar vendendo a ideia de é possível vencer a depressão. Que a família faz toda a diferença nessa hora. Que família, se você não cultivou família comigo.
Deveria te contar que tenho amigos incríveis me dando todo o carinho e suporte que eu preciso para não ter pensamentos infâmes sobre meios de me matar sem que me encontrem. E deveria dizer que, eu sei é um absurdo eu estar falando isso, afinal você é meu amigo....
Mas você não é. Mesmo que você ache que já tenha sido, não é mais, não faz mais por merecer o meu afeto - nem meus motivos de compartilhar isso contigo... deveria te contar que é apenas depressão, mas isso você já sabe.
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